O nosso querido PC-XT manda notícias, depois de um longo e tenebroso inverno! Para aqueles que não se recordam, na parte anterior deste especial havíamos nos deparado com mais uma barreira para a sua completa restauração, encontrar um teclado compatível! Felizmente, após muita procura, este obstáculo foi superado. Confiram todos os detalhes nesta postagem super especial!
XT lado a lado com o 286 (na esquerda). Uma dupla verdadeiramente dinâmica! :-) |
Caçadores do teclado perdido
Conforme eu havia antecipado no final da Parte 3 deste especial, o PC-XT e compatíveis utilizam um esquema de sinalização diferente para a interface do teclado, apesar de manter o mesmo conector DIN de cinco pinos. Não apenas a sinalização é diferente, mas o tamanho das palavras também não é o mesmo se comparado com o padrão adotado a partir do PC-AT (80286) que perdura até os dias atuais. Um teclado AT até liga e faz contato em um PC-XT, porém não é possível utilizá-lo na prática pois devido às diferenças na interface o XT não consegue capturar corretamente as teclas digitadas, imprimindo na tela uma sequência de caracteres aleatórios.
Diante deste impasse, só haviam três alternativas: encontrar um teclado para o XT, um teclado híbrido com a chave de seleção AT-XT (que foram bastante comuns na década de 1980) ou ainda construir um circuito conversor do padrão AT para o XT. O problema é que encontrar um teclado para o XT ou um AT-XT em pleno ano de 2014 não é algo exatamente fácil. Durante o último mês varri diversos sites de vendas on-line bem como visitei pessoalmente alguns estabelecimentos especializados em artigos antigos aqui de Curitiba e nada! Para falar a verdade até achei um teclado XT no Ebay, mas a brincadeira ficaria cara: o preço era de 100 obamas, mais o frete (US$ 80) além do risco de ser tarifado ao entrar no Brasil... aí complica!
Quando já estava quase perdendo as esperanças de conseguir um teclado compatível eis que surge uma boa notícia: o grande amigo Fabiano Ochmat tinha um autêntico teclado XT! O único "problema" é que ele estava sem a carcaça externa e sem o cabo, mas tais detalhes eram insignificantes!
Eis um autêntico teclado XT! |
Detalhe do posicionamento das teclas de função, que no XT só vão até a F10 |
Detalhe da placa de circuito |
O transplante de cabo
Como o teclado XT estava sem cabo seria necessário "transplantar" o cabo de um outro teclado, cujo conector fosse no padrão DIN de 5 pinos. Como doador utilizei um velho teclado "ergonômico" da década de 1990. Nunca gostei muito deste teclado (acho o acionamento das suas teclas duro demais), mas ele prestou um serviço bastante nobre agora!
O doador |
Removendo a tampa tive acesso à sua placa de circuito.
Detalhe da placa de circuito do teclado doador |
Felizmente a placa de circuito do teclado doador trazia as inscrições sobre a função de cada fio: G (Ground - negativo, fio preto), V (Voltage - positivo, marrom), D (Data - dados, vermelho) e C (Clock - sinal, amarelo). Note que este esquema de cores não é padrão, varia de teclado para teclado, então não o use como gabarito caso esteja fazendo procedimento análogo.
Para fazer um trabalho mais elegante e limpo, recorri ao velho e bom ferro de solda para dessoldar os fios.
Ao finalizar o procedimento o cabo estava pronto para ser implantado no teclado XT.
Implantando o cabo no teclado XT
Faltava agora conhecer a função de cada pino do conector do teclado XT para fazer a correta ligação. Felizmente o amigo Fabiano conseguiu obter o esquema: 1 - Negativo (fio preto), 2 - Sinal (amarelo), 3 - Dados (vermelho), 4 - não conectado e finalmente o 5 - Positivo (marrom).
Para conectar os fios do cabo no teclado XT novamente recorri ao ferro de solda. Aqui, porém, foi necessário um cuidado especial: evitar que houvesse contato entre dois pinos. Como o espaço entre os pinos é minúsculo foi necessário bastante paciência e calma para soldar corretamente fio a fio. Caso ocorresse contato entre dois ou mais pinos o teclado não funcionaria (ou apresentaria operação errática), podendo na pior das hipóteses até mesmo queimar!
Missão cumprida!
O arranjo final ficou assim:
E será que funcionou?
Faltava agora o teste definitivo: ver se o teclado seria corretamente reconhecido pelo XT e se a famigerada mensagem "Teclado travado ou Erro" seria ou não exibida. Foi com muita expectativa que liguei o PC-XT e....
Eureca!!! O teclado foi corretamente reconhecido!!!! Nergasm total!!! :-)
A famigerada mensagem "Teclado travado ou Erro" desapareceu para sempre! |
Vejam também um novo vídeo mostrando a inicialização do PC-XT, agora com o teclado funcionando corretamente:
Fodástico, não é? Por fim, deixo mais um agradecimento especial ao amigo Fabiano Ochmat por toda a sua ajuda e por ter doado o teclado XT, que tornou possível o prosseguimento do processo de restauração da nossa relíquia! E, é claro, também nunca é demais agradecer aos amigos Evandro M. de Aguiar pela doação do equipamento e Jeferson Mombach de Sousa pelo transporte!
Espero sinceramente que tenham gostado! Para finalizar esta série de postagens, pretendo fazer um especial sobre como era utilizar no dia-a-dia um equipamento XT, desta vez porém mais focado na parte de software e programação. Vocês não perdem por esperar... :-)
Um grande abraço a todos e até a próxima!
Próximo:
Restaurando uma relíquia da Reserva de Mercado (Parte 5 - Utilização do PC-XT)
tan - taran - tan
ResponderExcluirtan - taran
tan - taran - tan
tan - tararan - tararan...
Arqueólogo digital! hahah
Fantástico!!!
hahahahahaha muito obrigado!
ExcluirParabéns pelo feito!
ResponderExcluirMuito obrigado!
ExcluirCara, fastástico, muito bom o trabalho, eu fico muito satisfeito quando eu faço uma máquina antiga voltar à vida, é muito bom para a alma, com certeza é assim com você também.
ResponderExcluirSem dúvida, lava a alma!
ExcluirMichael, você é de Curitiba? Sou de Curitiba também e tenho um pilha de coisas desses computadores velhos pra brincar. Podemos fazer uns posts juntos caso vc tenha interesse. Tenho brincado com um XT que lê disquetes de 1.44MB e que acessa cartões Compact Flash via interface XT-IDE, além de acessar a rede com uma placa 8-bits via mTCP. Abraço!
ResponderExcluirTambém sou de Curitiba, podemos marcar sim! :-)
ExcluirCoincidentemente nestes últimos dias estou testando um adaptador XT-CF no meu XT, uma vez que o disco Seagate RLL dele está partindo desta para uma melhor.
Abraço!
Achei por acaso,
ResponderExcluirsite da hora!