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Restaurando uma relíquia da Reserva de Mercado (Parte 5 - Utilização do PC-XT)

E não é que o nosso querido, lindo e simpático XT continua me surpreendendo? Depois da adequação do teclado que descrevi na parte anterior, finalmente pude trabalhar mais com ele utilizando softwares e suítes de programação que marcaram época, alguns dos quais com certeza o bravo XT deve ter rodado muito durante a sua "vida útil". Confira todos os detalhes nesta postagem super especial!

O clássico EDIT do MS-DOS

Preparando os disquetes

Conforme vimos em outra parte desta série, a BIOS do XT suporta apenas unidades e disquetes de 5 1/4" e 360 KB, de dupla densidade (nesta postagem referenciada também demonstrei o procedimento da criação do disco de boot com o sistema operacional, no caso o MS-DOS 6.22). Desta forma, seria necessário preparar os disquetes com os programas com a ajuda de outro equipamento: o eleito para esta nobre missão foi o nosso querido 286!


Utilizei o 286 em função da unidade de disquetes de 360 KB, por algum motivo, não funcionar em conjunto com controladoras de disquete mais recentes, como aquelas embutidas nas placas mãe mais novas. Esta unidade só se dá bem mesmo com as gloriosas controladoras Super I/O ISA. E para complementar, o 286 está conectado na minha rede interna para baixar os softwares da máquina K6-2 com Windows 98. Tive que utilizar esta máquina em função do cliente de redes do MS-DOS não conseguir se conectar a versões do Windows a partir do 2000, em função de mudanças no algoritmo de autenticação.



Três lendas: o XT (a direita), o K6-2 (a esquerda) e o 286 (acima)

Tudo certo, o primeiro passo é formatar os disquetes para uso no XT, o que fiz a partir do 286 (caso o disquete tente ser acessado sem formatação é gerado o clássico erro INT 24).





O passo seguinte foi mapear uma unidade de rede a partir do 286 com o comando NET USE (exemplo: NET USE Z: \\maquina\compartilhamento), para facilitar a cópia dos arquivos.





Como cada disquete comporta apenas 360 KB de dados, na maioria dos casos cabe no máximo um software por unidade. Desta forma, no XT sem disco rígido para trocar de software em execução também é necessário trocar de disquete. E pensar que hoje reclamam que nos seus discos de 1 TB não cabem nada... :-)



Missão cumprida!

Softwares "estilo Office"

Passada a fase de preparação, vamos aos softwares! O editor de textos mais utilizado na época era o WordStar, aqui na versão 4.0:





Esqueça menus suspensos acessíveis pelo mouse: aqui tudo é feito via teclado. Por exemplo, para abrir ou criar um novo documento deve ser pressionado a tecla D.





Da mesma forma, todas as funções do editor de texto são feitas por atalhos do teclado.





Já o software de planilha eletrônica mais usado era o Lotus 1-2-3, aqui na versão 1A!




Para fazer uma fórmula o operador deve ser colocado primeiro.




Pressionando a barra normal (/) abre-se o menu de opções, também acessível apenas pelo teclado.





Programação

Saudosos tempos onde programávamos no DOS... o BASIC era uma linguagem bastante popular e o próprio MS-DOS trazia o QBasic.




O querido XT diz olá para o mundo!






Achei entre a minha coleção de disquetes antigos o Turbo Pascal 6.0, que foi a primeira linguagem de programação que estudei na faculdade, na disciplina de Algoritmos. O XT conseguiu rodá-lo com um byte nas costas! :-)





Encontrei também alguns exercícios da faculdade, este em particular era sobre matrizes. Notem a data, isto foi a quase 18 anos atrás! Estou ficando velho... :-)




Finalmente, espero que tenham gostado! Como pudemos ver nesta série, mesmo um equipamento considerado por muitos como "velharia" e "sucata" brilha se operado e tratado com carinho e respeito, e ainda trazendo o verdadeiro clima da época - coisa impossível de ser obtida caso estes mesmos programas fossem rodados em emuladores ou máquinas virtuais em equipamentos atuais.


Um grande abraço a todos e até a próxima!


Próximo:

Restaurando uma relíquia da Reserva de Mercado (Parte 6 - Upgrade)

Anterior:

Restaurando uma relíquia da Reserva de Mercado (Parte 4 - Caçadores do teclado perdido)

Veja também:
Ressuscitando um antigo 286 (Parte 5 – Conectando na rede local)
Weekend Fun: montando um AMD K6-2 com o Windows 98 SE

Comentários

  1. Michael, não era para você ter sacrificado disquetes de 360KB, eles são muito raros e caros e estão sumindo pois não são mais fabricados, e não aguentam umas 5 reescrituras, tenho certeza que esse xt suporta disquetes de 720kb, você pode formatar um de 1,44MB em 720kb tampando o orifício, tem muitos tutoriais na internet ensinando a fazer isso, e se for usar drive de 1,44MB no xt tem que colocar fita senão vai identificar como 1,44MB e o xt não vai reconhecer, também pode usar emulador, existe um emulador de disquete com uma custom ROM no ebay que pega a geometria da imagem no pendrive e emula automaticamente, emula para commodore, amiga, ibm, e etc, ou pode usar xt-ide, facilita a vida, tem o xt-ide para cf-cards ou para usar um disco IDE de verdade.
    E também tenho uma dúvida, porque os softwares estavam com fundo preto sendo que a placa é vga e não cga?

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    Respostas
    1. Esse foi o primeiro XT que eu mexi, e sim, ele suporta disquetes de 720 KB tanto que hoje em dia uso um emulador USB Gotek. Uma placa XT-IDE está nos planos para o novo XT que eu vou montar.

      Quanto à cor de fundo dos softwares, não faço ideia do motivo.

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  2. Fala Michael. Você ainda tem essa máquina? Estou interessado em um dump da EPROM de BIOS dela. Eu ajudo a desenvolver um emulador de PCs antigos (86Box) e seria muito bom ter essa ROM nacional pra preservar. Existe uma ferramenta de dump chamada "ROMSAVXT" que cabe num disquete de 360 KB. Agradeço desde já.

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