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Softwares de 64 bits: será que agora vai?

Na última semana saiu a notícia de que o Google anunciou uma versão beta do Chrome de 64 bits para Windows. Segundo a empresa, esta versão promete aumentar o desempenho do carregamento de páginas em até 25% e reduzir as falhas de renderização pela metade, além das melhorias em segurança pela implementação do recurso ASLR (Address Space Load Randomization, ou Endereço de Carregamento Randômico) do Windows, que a grosso modo carrega os componentes da aplicação em endereços de memória aleatórios. Ótimo! Como diz aquele "velho deitado", antes tarde do que mais tarde ainda!

Notícias como esta demonstram o velho e conhecido abismo que existe entre a evolução do hardware e software, se considerarmos que a especificação AMD64 foi apresentada em 2000 e o primeiro processador com esta tecnologia saiu em 2003 (o Opteron). Também é interessante lembrar que a Intel durante os anos 1990 desenvolveu a sua própria arquitetura de 64 bits, a IA-64, que não foi largamente adotada pelo mercado em função da dificuldade de implementação e baixo desempenho em conjunto com softwares de 32 bits, o que não ocorre com o padrão proposto pela AMD que dominou o mercado. Até mesmo a Intel teve que se render e implementou o AMD64 nos seus processadores sob a nomenclatura EM64T a partir dos últimos modelos do Pentium 4.

Voltando aos primórdios do PC, como os processadores 8088 e 80286 eram de 16 bits (com o 8088 possuindo barramento externo de 8 bits) naturalmente os softwares desenvolvidos nesta época também eram de 16 bits, notavelmente o MS-DOS. Em 1985 ocorreu a primeira grande transição dos PCs, para os 32 bits, com o lançamento do 80386. Porém o primeiro Windows "puro sangue" de 32 bits, o Windows NT 3.1, só saiu em 1993, sem falar que os Windows 95, 98 e Me eram sistemas híbridos 32/16 bits e foram de longe os mais populares durante os anos 1990. Foi somente com o Windows XP, lançado em 2001, que os usuários tradicionais finalmente tiveram em mãos um sistema totalmente de 32 bits - dezesseis anos após o lançamento do 80386! 

No caso da transição para os 64 bits iniciada em 2003 com o lançamento do Opteron, até que a resposta dos sistemas operacionais foi mais rápida: versões do kernel do Linux compatíveis surgiram logo em seguida e o Windows XP x64 foi lançado já em 2005. O problema neste caso vem sendo a lenta transição dos softwares aplicativos, muito devido ao fato dos processadores AMD64 rodarem muito bem softwares de 32 bits e tanto o Windows quanto o Linux incluírem camadas de compatibilidade, o que levou a uma acomodação dos produtores de software. Foi somente quando o limite de 4 GB de RAM dos sistemas 32 bits começou a se tornar um fator realmente limitador é que o movimento de transição se intensificou. Mas seria injusto e simplista demais colocarmos a culpa nos desenvolvedores exclusivamente, em função de que muitos deles estão sujeitos às políticas dos seus empregadores. Idealismo pode ser bom mas não paga as contas no final do mês.


Que esta iniciativa do Google seja finalmente o "empurrão" que faltava.


EDIT 28/08/2014:

O Google liberou a versão final do Chrome de 64 bits.

Veja também:

Mozilla planeja lançar o Firefox de 64 bits em 2015
Softwares que eu utilizo
Mozilla libera versão de 64 bits para Windows do Firefox Developer Edition

Comentários

  1. Tá acomodados a muito tempo... infelizmente, é bem triste, o ganho com X64 é muito grande frente ao X86 infelizmente a preguiça de todos os envolvidos é a culpa de ainda estarmos com maioria dos sistemas x86...

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    Respostas
    1. Isto mesmo, é uma acomodação geral. Estou testando o Chrome 64 bits e digo que a mudança é da água para o vinho, apenas para citar um exemplo!

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