Ressuscitando um antigo 286 (Parte 7 – Montagem definitiva e como instalar uma placa AT em um gabinete ATX)
Neste mais novo episódio da série sobre o processador 80286, mostrarei todas as etapas da sua montagem definitiva bem como dicas de como instalar uma placa mãe AT em um gabinete ATX, procedimento que em certos casos faz-se necessário pela relativa escassez de gabinetes AT disponíveis a um preço justo. Acompanhe tudo aqui com a riqueza de detalhes de sempre!
A placa mãe do 80286 (AT) instalada em um gabinete ATX genérico |
Instalando a placa mãe
Ao contrário dos antigos gabinetes AT, os ATX simplesmente não contam com ranhuras para a instalação de espaçadores plásticos na sua chapa de fixação da placa mãe. Neste caso, você deverá realizar uma avaliação de quantas furações coincidirão com a placa mãe e aplicar os parafusos de fixação nestes locais. No presente exemplo apenas dois pontos de fixação ficaram em um perfeito alinhamento para a aplicação dos parafusos de fixação.
As setas indicam onde os parafusos foram aplicados |
Caso a placa mãe fique “bamba” em algum local é possível aplicar espaçadores plásticos com a ponta de fixação no gabinete cortada para eliminar este problema.
Um dos maiores problemas de instalar uma placa AT em um gabinete ATX é o mostrado abaixo: no local que seria para a instalação do painel ATX fica um grande buraco. Embora não atrapalhe o funcionamento do conjunto, esteticamente é bastante deselegante.
Felizmente consegui encontrar em um site de vendas on-line chapas adaptadoras a um custo baixo, que ficaram perfeitas. Elas devem ser parafusadas no gabinete e caso o mesmo não tenha as furações você deverá fazê-las manualmente.
Prosseguindo com a montagem
Hora de instalar a fonte de alimentação.
Fonte de alimentação AT genérica de 250 W |
Placa mãe, fonte de alimentação e drive de disquete de 1,44 MB instalados |
E de instalar também os demais componentes, tais como a placa de vídeo, placa Super I/O, placa de rede (destacada abaixo) e disco rígido IBM. Todos os componentes utilizados na montagem estão na parte anterior desta série.
Placa de rede genérica NE2000 ISA de 10 Mbps. Em destaque os jumpers de configuração |
Instalação completa! |
Como ficou o painel traseiro |
A questão do botão liga-desliga
Uma placa mãe AT como a do 80286 logicamente não contará com um conector para o botão liga-desliga como ocorre nas placas ATX, pelo simples motivo de que as fontes de alimentação AT contam com o seu próprio botão. Para não deixa-lo solto o fixei no painel traseiro do gabinete utilizando uma furação existente para a instalação de um conector do tipo serial de 9 pinos, cujo espaçamento ficou perfeito.
A fixação do botão liga-desliga da fonte |
Como ficou o painel traseiro com o botão |
Finalizando os trabalhos
Faltava agora apenas configurar o Setup e instalar o sistema operacional. Uma particularidade do Setup desta placa mãe é que não há uma rotina para detecção dos parâmetros do disco rígido, devendo o número de cilindros (Cyln), de cabeças (Head) e setores (Sect) serem manualmente informados conforme as informações que constam na etiqueta do disco.
Como combinação de sistema operacional e ambiente gráfico utilizei o MS-DOS 6.22 e o Windows 3.0. Uma vez que nas partes anteriores desta série há instruções detalhadas sobre a instalação dos mesmos, mostrarei aqui apenas algumas curiosidades.
O MSCLIENT, cliente de redes locais para o MS-DOS, conta com um gerenciador para a montagem de compartilhamentos (NET.EXE). Todos os detalhes sobre a configuração de uma rede local no MS-DOS você pode conferir na Parte 5 desta série.
Uma vez que o 80286 conta com apenas 640 KB de RAM (como diria Bill Gates, 640 KB são suficientes para qualquer um! rs), o Windows 3.0 é o máximo suportado. E como o modo protegido dos 80286 possui um erro de projeto (quando ele entra no modo protegido só volta para o modo real com um hard reset, impossibilitando o sistema de fazer chamadas à BIOS ou ao DOS - problema que só foi corrigido nos 386) poucos softwares fizeram uso do modo protegido dos 286. Nenhuma versão do Windows o utiliza, logo neste processador o Windows roda apenas no modo real.
Também é possível configurar o Windows 3.0 para utilizar as conexões de rede criadas pelo MS-DOS. Note também a opção Swap file (None): com o Windows rodando no modo real não há como utilizar o recurso de memória virtual, o qual só está disponível no modo protegido.
O Windows reconhece conexões de rede criadas pelo MS-DOS |
Finalizando
Eis o resultado final. Lindão, não? Anteriormente o gabinete abrigava um Celeron (vide o selo), mas é capaz do bravo Harris 80286 de 25 MHz ser mais rápido! :p
A principal aplicação do 80286 será para o intercâmbio de arquivos com o PC-XT e em função disto acrescentei uma unidade de disquete de 360 KB e 5,25” no 286.
A dupla dinâmica PC-XT e PC-AT! |
Como complemento, um dos grandes e históricos problemas de se trabalhar com disquetes é a velha questão da deterioração da mídia magnética, mas como o XT só aceita disquetes deste padrão e não pretendo alterar as suas características originais terei que conviver com isto.
Dos 360 KB do disquete, 117 KB (mais de 30% da capacidade) estão em setores defeituosos |
Para a próxima parte desta série o bravo 80286 será submetido à maratona de benchmarks clássicos de forma análoga à feita com o 80386 DX. Até lá!
Também comprei recentemente de um cara daqui de Curitiba uma placa igual à sua com o Harris-25. Tem intensão de aumentar a RAM dele acima de 1 MB?
ResponderExcluirNão, pretendo manter ele com os 640 KB mesmo pelo menos por enquanto.
ExcluirFicou show! O gabinete é um problema nesses casos, onde achou a chapa adaptadora só com o furo do teclado dimm? Foi virando a internet atrás dela que achei seu post. Estou tentando reviver um 486DX2 e uma K6-2 tbm!
ResponderExcluirAchei a chapa no Mercado Livre há alguns anos atrás. Realmente é muito difícil de encontrar!
ExcluirQual é o nome ou modelo desse gabinete ?
ResponderExcluir