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Revivendo o clássico Gradiente Expert (Parte 2 – Anatomia e Funcionamento)

Enquanto que na primeira parte desta série foi abordado o histórico do padrão MSX e as especificações técnicas do Gradiente Expert, na presente parte mostrarei a sua anatomia e colocarei o simpático Expert para funcionar, depois de muitos anos guardado. Confira aqui os detalhes!

O Expert em conjunto com uma TV CRT de 14”


A anatomia

Abrir o Expert é muito fácil, basta remover os parafusos Philips nas laterais para termos acesso à sua placa mãe e demais componentes. Apesar do tempo parado, o meu exemplar esta em ótimas condições: gabinete limpo e sem corrosão, placas e chips sem qualquer sinal de oxidação, e capacitores em perfeito estado. Parece que acabou de sair da loja, excelente! 

A placa mãe do Gradiente Expert


Na imagem acima (clique para ampliar) numerei os principais componentes. Vamos à identificação:

1 – Processador principal Zilog Z80A;
2 - Chip gráfico Texas Instruments TMS9128;
3 - Chip controlador de I/O NEC D8255;
4 - Chip de áudio General Instrument AY-3-8910A;
5 – Oito chips de memória ICM 4164 totalizando 64 KB.

Na foto abaixo podemos ver o transformador, fonte de alimentação, os chips Z80A e TMS9128, além do chip EPROM NEC D27256D-3 (com uma etiqueta branca colada):



Aqui podemos ver em detalhes os chips D8255, AY-3-8910A e os oito chips de RAM:



Embaixo da placa mãe fica a daughterboard (placa filha) responsável por geral o sinal de vídeo na codificação PAL-M, para exibição nas TVs brasileiras, além de um clássico buzzer.

No "andar de baixo" fica a placa que gera o sinal para a TV


Em face ao ótimo estado geral do equipamento preferi não efetuar a remoção da placa mãe do gabinete, o que é um risco quando se trata de componentes antigos – sempre pode haver um ponto de oxidação oculto que cederá quando o componente for manipulado. Neste caso vale aquele velho deitado: não conserte o que não está quebrado!

O funcionamento

Antes de tudo, peço desculpas por alguns caracteres das imagem serem de difícil leitura. É realmente complicado capturar fotos com qualidade de uma TV CRT, mas não faz muito sentido ligar um computador clássico dos anos 1980 em uma TV LED de 50”... assim sendo preferi utilizar a minha velha TV Philips de 14" como monitor para o Gradiente.

Como o interpretador MSX BASIC (aqui renomeado para "Sistema MSX Versão 1.1 Br" pela Gradiente, em mais um exemplo de engenharia reversa que dominou os anos da Reserva de Mercado) está em um chip ROM, o “boot” do equipamento é instantâneo.

O "boot" do Expert


Após a inicialização o equipamento apresenta o prompt do interpretador BASIC. Se você hoje reclama do seu Windows, saiba que naquela época os utilizadores de computadores pessoais também tinham que ser programadores, tanto que no kit do Expert era incluído um livreto sobre a linguagem BASIC - caso o camarada não soubesse a linguagem, o Expert virava basicamente um videogame de luxo. Reparem também na quantidade de memória livre (28815 Bytes): dos 64 KB de RAM, apenas algo em torno dos 28 KB fica disponível para o utilizador.

O prompt de comando do interpretador BASIC


O manual da linguagem BASIC


Reconheço que não sou um grande conhecedor da linguagem BASIC, mas o básico independe de linguagem! :)



A tecla F5/F10 executa o programa, enquanto que a Stop o interrompe (Master Of The Obvious... :p)



Eis o resultado!



Este é um exemplo simples, mas na época muitos programavam sistemas realmente complexos em BASIC utilizando o Expert (ou o Sharp Hotbit). Estes eram verdadeiros escovadores de bits, pois os programas tinham que caber dentro dos exíguos 28 KB de RAM que ficavam disponíveis – antigos e românticos tempos!

Mais uma vez gostaria de agradecer aos amigos Evandro M. de Aguiar pela doação do equipamento e Jeferson Mombach de Sousa pelo transporte. Muito obrigado!

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Veja também:

Comentários

  1. oloco, imagina fazer algo com 28 kb de ram....

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    1. Não é à toa que Bill Gates supostamente teria dito a famosa frase de que 640 KB de memória seriam suficientes para qualquer um...

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  2. 28k de Ram eram mais do que suficientes pro BASIC. Nunca usei e nem soube de alguém que estourou esse limite. Tem que escrever muuuuuito código.

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    1. Eu estourei escrevendo programa em Basic e olha que não tinha onde salvar. Era rodar e devugar só por diversão. Depois de longas horas sem parar tudo funcionava. Um mini sistema de controle de escola. Quando tentei incluir mais uma linha não deixou: memória cheia!
      Desliguei tudo e fui dormir.

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  3. Uma pequena correção: o msx não tinha 64kb de ram. Eram 32kb de RAM e 32 de ROM (BIOS e BASIC). Abraço

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    1. Correção: era 32kB de ROM e 64kB de RAM. Em um boot normal os 32kB de RAM inferiores não eram acessíveis via BASIC, mas se você bootasse o MSX-DOS ou o CP/M ele tinha os 64kB de RAM à disposição.

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