Que o Kernel Linux é bastante amistoso com hardware antigo não é segredo para ninguém. Mas será que uma distribuição atual como o Debian 8 funcionará em uma configuração do final do século passado, e ainda por cima com um ambiente gráfico? Confira aqui a verdadeira epopeia que foi fazer o Debian funcionar em um Pentium MMX!
A configuração inicial
Para o começo dos trabalhos decidi montar uma configuração soquete 7 clássica, de meados de 1997. Eis o processador Pentium MMX de 233 MHz:
A placa mãe utilizada trata-se de uma BCM SQ591, baseada no famoso chipset Intel 430VX e equipada com 48 MB de RAM EDO em módulos SIMM de 72 vias.
A placa de vídeo é uma lendária Diamond Stealth PCI baseada no chip S3 Vision968, com 4 MB de VRAM. Foi uma placa 2D topo de linha no seu tempo.
Como disco rígido foi utilizado um WD Protegé IDE de 10 GB, cujos pratos rodam a 5400 RPM e conta com 2 MB de cache de disco. Um dispositivo top para a época.
Eis a primeira montagem. Foi incluída também uma unidade de DVD IDE para a instalação do Debian, cuja imagem ISO de 32 bits foi gravada em um DVD-R de camada simples (4,7 GB).
A primeira tentativa de instalação durou pouco. O sistema não conseguiu se entender com a placa de vídeo Diamond, mesmo no modo texto. Uma pena.
Nova placa de vídeo
Desta forma substituí a Diamond Stealth por uma Creative baseada no chip gráfico Nvidia Riva TNT2 M64, também PCI. Esta placa conta com 32 MB de VRAM.
Com a nova placa de vídeo foi possível iniciar a instalação, que desta feita esbarrou com um problema de quantidade de memória: o programa de instalação em modo texto exige ao menos 79 MB, e como vimos o sistema conta com apenas 48 MB de RAM.
Até é possível tentar continuar a instalação mesmo com pouca memória, porém o sistema congela pouco depois.
A nova placa mãe
Como infelizmente não tenho módulos de memória SIMM de 72 vias de maiores capacidades para ampliar a quantidade de RAM, não me restou outra opção senão trocar a placa mãe para tornar possível a utilização de módulos DIMM. Para tanto utilizei a lendária Asus P5A baseada no clássico chipset Ali Aladdin V, considerado por muitos como o melhor chipset disponível para a plataforma soquete 7. Como esta placa é de 1999, a configuração continua sendo do século passado! :p
Com a nova placa mãe a RAM foi ampliada para 128 MB, e também foi incluída uma placa de rede PCI Fast Ethernet (100 Mbps) baseada no clássico chip Realtek 8139D. Eis como ficou:
Agora a instalação não mais acusou erros de vídeo e de quantidade de memória, porém em uma tentativa surgiu um indesejável Kernel Panic...
... e em outra feita houve um erro de corrupção de dados durante a cópia de um arquivo.
Mantendo a perseverança decidi prosseguir, e antes de condenar qualquer componente verifiquei novamente a integridade da imagem ISO baixada (que estava OK) e a gravei em uma nova mídia. Problema resolvido! Agora a instalação prosseguiu normalmente (e lentamente)!
Como nome da máquina escolhi “debianmmx”. Curtiram? :-)
Como nome da máquina escolhi “debianmmx”. Curtiram? :-)
O esquema de particionamento do disco WD de 10 GB ficou desta forma. Preferi não criar partições adicionais e reservei pouco mais de 256 MB para a partição swap, visto que o equipamento conta com apenas 128 MB de RAM.
Para o ambiente gráfico optei pelo LXDE, o qual de longe é o que tem maiores chances de funcionar no nosso simpático PC do século passado.
Após um looooongo (e põe looooongo nisso – levou facilmente mais de uma hora!) processo de cópia dos arquivos finalmente surgiu o último passo da instalação, a configuração do gerenciador de boot GRUB.
Tudo pronto para finalmente curtirmos o Debian 8 instalado em um Pentium MMX! E como será que ficou o desempenho? Bem, vejam o boot do sistema e tirem as próprias conclusões...
Sem dúvida impressiona o fato de o Debian 8 rodar com um ambiente gráfico em um processador lançado em 1996. Mas de qualquer modo este ensaio serve apenas para satisfazer uma curiosidade Nerd, pois na prática o equipamento fica inutilizável - por exemplo, abrir o Iceweasel (o Firefox do Debian) para carregar qualquer página rende minutos de espera com 100% de uso do processador (vide a seta que indica o monitor de sistema).
Espero que tenham curtido e aguardem novas experiências! :p
Veja também:
Minha experiência pessoal com o Linux (Parte 1 – Velhos Tempos)
Veja também:
Minha experiência pessoal com o Linux (Parte 1 – Velhos Tempos)
Você pressionou a barra de espaço quando apareceu aquele erro com a placa Diamond? Era para prosseguir sem fb/modesetting.
ResponderExcluirCom os 48 MiB de RAM, se você desse um jeito de pré-particionar o disco e criar um volume swap nele, eu acho que instalador usaria-o e deixaria continuar.
O Debian tem o hábito de habilitar um monte de serviços desnecessários. Pelo menos é assim na instalação com o GNOME. Talvez dê para melhorar passando o rodo em vários deles.
Sim, pressionei a barra de espaço porém o sistema congela logo em seguida. Tentei deixar o mais enxuto possível com o LXDE, mas mesmo assim a quantidade reduzida de RAM e o processador (que fica a 100% quase o tempo todo) são severos limitadores. É quase como tirar leite de pedra! :-)
ExcluirExperiência bacana. Eu fiz um ensaio semelhante instalando o Windows XP num P233 com 64 MB.
ResponderExcluirhttp://625bytes.blogspot.com.br/2015/11/loucura-windows-xp-rodando-numa-intel.html?m=1
Gostei do seu site. Muito bom relembrar esses momentos.
Obrigado! Outra experiência bacana com o bravo MMX está no forno. Aguarde!
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