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A ascensão e queda das unidades ópticas

A recente notícia de que o consórcio Toshiba-Samsung irá abandonar a produção de unidades ópticas é um marco e mostra que tais unidades realmente estão fadadas ao ostracismo. Mas nem sempre isto foi assim: houve uma época em que os drives ópticos foram artigos muito desejados (e caros), e é este período que iremos revisitar nesta postagem.

O primeiro CD-ROM que abri no meu computador.
Enciclopédia Grolier 1995

Não me esqueço até hoje, quando em dezembro de 1995 abri o primeiro CD-ROM no meu PC 80486, o qual recentemente havia recebido um kit multimídia da Creative (veja mais detalhes na postagem O dia em que o meu PC falou) do qual fazia parte a unidade de CD-ROM Creative Quad Speed: a sua taxa de leitura máxima era de meros 600 KB/s, porém para a época era um espanto: quatro vezes a rotação de um CD de áudio convencional! Uau! 

E não era só isto: agora podia utilizar jogos em CD (chique no último!) e também ouvir os meus CDs de áudio enquanto fazia os trabalhos da faculdade!

Antes dele vieram as unidades single e double speed,
com respectivamente 150 KB/s e 300 KB/s de transferência

O Creative 4X resistiu bravamente até meados de 1998, quando o seu canhão já não estava lá essas coisas e assim decidi que era hora do merecido descanso. Para o seu lugar veio um Creative 32X, o qual custou na época a bagatela de 180 dilmas temers:


Porém nesta época a Creative já não era mais a mesma. As suas unidades ópticas na verdade eram fabricadas por terceiros e não tinham a mesma durabilidade de outrora: este drive durou pouco mais de um ano. Garantia? Para produtos comprados no Paraguai sem nota ela simplesmente não existia. Desta forma, tive que morrer na grana novamente e devido à péssima experiência com a Creative decidi comprar este LG 52X, que até hoje serve como CD Player:


O primeiro gravador

A mesma sensação de descoberta que tive em 1995 novamente experimentei em 2001, quando comprei o primeiro gravador de CDs, este Creative 8X-4X-32X (grava CD-R a até 8X, CD-RW a até 4X e lê a até 32X). Agora eu podia produzir os meus próprios CDs de música, fazer backups e até mesmo copiar os meus jogos favoritos! Que maravilha!


Como vimos a Creative não mais fabricava unidades ópticas. Havia uma lenda na época de que um lote destas unidades era construído pela renomada Plextor e por este motivo insisti na marca mesmo depois de ter me decepcionado. Porém não fui contemplado e o meu gravador era na verdade um Panasonic, entretanto não tive do que reclamar: sem exagero devo ter queimado centenas de CDs neste gravador, que resistiu bravamente por três anos.

Entrando na era do DVD

Em 2002 finalmente entrei na era dos filmes digitais, ao comprar um DVD-ROM LG 16X. Agora eu podia pegar filmes em DVD na locadora (lembro-me até hoje do primeiro filme em DVD que assisti: Uma Mente Brilhante), que pintão de rico! O DVD inegavelmente trouxe uma melhora brutal na qualidade de áudio e vídeo em relação ao VHS, e sem exigir TVs especiais de alta definição como o Blu-Ray. No meu caso, como assistia no PC a qualidade de imagem ficava espetacular no monitor Samsung CRT de 17” que tinha na época.

Já em 2004 o gravador Creative pediu aposentadoria e para o seu lugar veio este combo LG, que gravava CDs e lia DVDs:

DVD-ROM LG 16X (acima) e combo LG (abaixo) 

Por sua vez em 2006 o leitor de DVDs LG 16X já dava sinais de cansaço e foi substituído por um gravador de DVD. Agora eu podia copiar os filmes que pegava na locadora (sempre para uso próprio), show!

Este drive ainda funciona até hoje!

O início do fim com o Blu-Ray

A vitória na guerra contra o HD-DVD credenciou o padrão Blu-Ray a ser o sucessor do DVD, porém o mesmo até hoje nunca emplacou. Uma das causas (pelo menos inicialmente) era a exigência de TVs HD/Full HD, porém o momento já não estava mais tão propício para as mídias físicas. A Sony também tem a sua parcela de culpa: no afã fútil de impedir a pirataria criou um sistema chato de proteção que só aporrinha os utilizadores. Cito um exemplo: a necessidade de atualizar o firmware do player para rodar filmes mais recentes com novos esquemas de proteção, algo para mim um completo absurdo pois gera uma dor de cabeça desnecessária para o consumidor final.

No campo dos PCs até comprei um gravador de Blu-Ray Lite-On em 2011, porém jamais o utilizei como fiz com a unidade de DVD e o gravador de CD: foram poucos os Blu-Rays que assisti nele devido à necessidade de software específico para reproduzir os discos (um dos únicos capazes é o PowerDVD, que custa facilmente mais do que um Blu-Ray player de mesa). Também não devo ter gravado sequer dois ou três BD-Rs pelo alto custo destas mídias - somente utilizo esta unidade para ripar DVDs e Blu-Rays de filmes.


Outra causa para a baixa aceitação do Blu-Ray está na popularização das conexões de banda larga: para que comprar um jogo em mídia física (muitas vezes pagando frete) se é possível obtê-lo diretamente de serviços como o Steam? Para que comprar ou locar um filme ou série se podemos ter acesso instantâneo através de serviços como o iTunes, Google Play, Netflix ou afins? Praticidade é algo cada vez mais valorizado.

Enfim, esta é mais uma rica página da tecnologia que lentamente está sendo virada. Mais uma vez temos o privilégio de acompanhar a história sendo escrita.

Veja também:

Comentários

  1. Espero que nunca acabe, pois é útil demais. Em 2014 comprei um drive de disquete 3,5 preto no ML. Baratinho e de funcionamento perfeito! Não é difícil achar os de 5,25 também! Inclusive muitas fontes novas tem o conector para esses drives.

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    1. Também gosto bastante de CDs, disquetes e afins... :-)

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    2. O problema de ter drives de disquetes hoje em dia é a necessidade de ter também um PC antigo por conta necessidade da porta floppy. =(

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  2. Mais outro artigo nostálgico. E levanta a mão quem nunca contou nos dedos o número de alterações de região dos drives de DVD ao rodar mídias fora da região 4? Eu só rodava DVD região 4, mas para quem trocava de região constantemente deveria ser um martírio ter só 5 "créditos" antes de travar o drive na última região utilizada.

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    1. Se não me engano tinham alguns programas na época que "resetavam" este contador de volta para os cinco créditos. Mas nunca precisei utilizá-los pois os meus DVDs são todos da região 4 ou 0.

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  3. Na época, antes de ter meu computador (ele chegou no final de dezembro de 2005), eu fazia uma pirataria um tanto artesanal: eu ligava o DVD no Videocassete e colocava pra gravar. Eu usava fitas de 6 horas ou 8 horas, em modo EP (Extended Play, a mais baixa qualidade, que permitia o tempo mais longo de gravação).

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    1. Eu já fiz muitas cópias de VHS para VHS dos filmes que eu pegava na locadora (a qualidade ficava uma porcaria), mas de DVD para VHS eu nunca tinha feito... imagino que a qualidade deve ficar bem melhor!

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