Ao contrário do Led Zeppelin e do Black Sabbath, o início do Deep Purple foi bem mais devagar. Também conhecida como Mark I, a sua primeira formação com Rod Evans nos vocais lançou três discos bastante irregulares, porém com algumas belas pérolas escondidas.
Conhecida como a santíssima trindade do rock inglês do final dos anos 1960 e início dos 70, o Black Sabbath, o Led Zeppelin e o Deep Purple tiveram inícios distintos. Enquanto que os dois primeiros já saíram arrebentando nos respectivos discos inaugurais, o Deep Purple demorou um pouco mais para engrenar (e precisou trocar a formação para tanto).
A primeira encarnação do Purple era composta por Rod Evans nos vocais, Ritchie Blackmore na guitarra, Nick Simper no baixo, Ian Paice na bateria e Jon Lord nos teclados.
Da esquerda para a direita: Rod Evans, Jon Lord, Ritchie Blackmore, Nick Simper e Ian Paice |
Esta formação gravou três discos bastante influenciados pelo psicodelismo do final da década de 1960, até mesmo com alguma semelhança com o início de outra grande banda, o Pink Floyd, porém sem o mesmo nível de experimentalismo (e brilhantismo) do grupo de Syd Barrett e Roger Waters.
Outra característica dos primeiros trabalhos do Purple é, sem dúvida, o grande número de covers, além do timbre vocal de Rod Evans: conforme Jon Lord afirmou muitos anos mais tarde em uma entrevista, ele soava bastante como Tom Jones, o que eu concordo.
Outra característica dos primeiros trabalhos do Purple é, sem dúvida, o grande número de covers, além do timbre vocal de Rod Evans: conforme Jon Lord afirmou muitos anos mais tarde em uma entrevista, ele soava bastante como Tom Jones, o que eu concordo.
Shades Of Deep Purple (1968)
O primeiro disco foi o de maior sucesso comercial desta fase. Os grandes destaques aqui são os covers: Hush (Joe South), Help! (Lennon/McCartney) e Hey Joe (Billy Roberts, imortalizado por Jimi Hendrix). A versão de Hush foi o que colocou o Purple no cenário musical americano, enquanto que a Help! psicodélica ficou bem legal e a Hey Joe é um tributo de muito bom gosto.
Das composições próprias, sem dúvida a melhor delas é a Mandrake Root, que já trazia o embrião de algumas das características que o Purple mostraria mais para frente.
The Book Of Taliesyn (1968)
No mesmo ano (o que era normal na época) já saiu o segundo trabalho. Aqui o grupo seguiu a mesma fórmula do disco anterior: uma mescla de covers e músicas próprias com uma levada progressiva e psicodélica. O destaque absoluto deste disco é o cover de River Deep, Mountain High (Jeff Barry, imortalizada por Ike & Tina Turner), além de outra versão de uma música dos Beatles: We Can Work It Out.
Dentre as músicas do grupo o destaque é a instrumental Wring That Neck – as demais não são lá muito memoráveis. Em minha opinião este álbum é o mais fraco dos três.
Deep Purple (1969)
Neste disco a banda passou a confiar mais no taco e o único cover é a bonita balada Lalena (de Donovan Leitch). De fato, este trabalho tem algumas composições muito boas, mas que acabaram ficando esquecidas conforme o tempo foi passando e a banda mudou de formação diversas vezes. Os destaques são as faixas Blind, Why Didn't Rosemary? (inspirada no clássico de terror O Bebê de Rosemary de Roman Polanski), Bird Has Flown e a April, uma epopeia de 12 minutos com um lindo instrumental que fecha o álbum com muitíssimo bom gosto, uma obra-prima.
Percebe-se aqui que a banda mostra mais peso, o que marcaria os seus trabalhos nos anos vindouros. O problema foi o lado comercial: os dois primeiros álbuns tiveram uma boa recepção nos EUA, ao contrário deste. Curiosamente, na terra natal Inglaterra nenhum dos três discos obteve qualquer repercussão. Já para mim este é o melhor da primeira formação do Purple, de longe.
Em função do fracasso comercial o desgaste desta formação se acentuou. Temendo que a banda ficasse irrelevante e caísse no esquecimento, além de buscarem um som ainda mais pesado (o Led Zeppelin já era um grande sucesso em 1969), Jon Lord e Ritchie Blackmore decidiram que era hora de mudar. Sacaram de uma só vez Rod Evans e Nick Simper, trazendo para os seus lugares Ian Gillan e Roger Glover, inciando aquela que seria a fase mais bem-sucedida do grupo.
Fiquem com alguns momentos notáveis desta primeira formação do Deep Purple. Outros tempos meus amigos, outros tempos…
(Ao vivo na Playboy TV)
Meu primeiro contato com o Deep Purple foi nos anos 80, com o "Perfect Strangers", aí garimpando vinis mais antigos achei o "Book of Taliesyn" que tinha "Anthem" que eu achava bem legal (e com um vocal que parecia Elvis Presley!). Pensar que o encontro já "tardio" com essa banda incrível foi a mais de trinta anos me deixa meio prá baixo :-P
ResponderExcluirO meu primeiro contato com o Purple foi no início dos anos 90, quando um amigo emprestou-me uma fita cassete (terrivelmente gravada) com o disco Machine Head. Curti pra caramba e busquei mais sobre a banda (sem Internet não era tão simples como é hoje) e aos poucos fui descobrindo os outros discos.
ExcluirGosto bastante do MKII (com Ian Gillan e Roger Glover) e do MKIII (David Coverdale e Glenn Hughes), mas o MKI tem o seu charme - até gosto do timbre vocal do Rod Evans, mas ele realmente não se encaixaria no som mais pesado que o Purple faria.
E realmente, estamos ficando velhos... :-)