Sem dúvida as novas GeForce RTX são o principal lançamento do mercado de hardware feito nas últimas semanas. Mas muito cuidado com o hype pessoal!
Na apresentação das novas GeForce RTX a Nvidia tocou repetidas vezes em um ponto que me deixou com a pulga atrás da orelha: que a nova série (e consequentemente a arquitetura Turing) é mais focada em novas tecnologias do que em aumento de performance.
Dentre as novas tecnologias a mais falada é a Ray Tracing, que nem é tão nova assim: a indústria cinematográfica a utiliza desde a década de 1990, mas que agora conforme a Nvidia seria utilizada para a geração de gráficos em tempo real (processados pelos novos RT Cores) com um aumento do realismo. E o que seria Ray Tracing? A honorável Wikipédia responde:
"Ray Tracing (traçado de raios) é um algoritmo de computação gráfica usado para síntese (renderização) de imagens tridimensionais. O método utilizado pelo algoritmo baseia-se na simulação do trajeto que os raios de luz percorreriam no mundo real, mas, neste caso, de trás para a frente."
Pois bem, na teoria é algo lindo. O canal Adrenaline do YouTube fez um vídeo do jogo Tomb Raider rodando com o Ray Tracing ativado. Vocês conseguem ver alguma diferença? Eu não.
Um detalhe neste vídeo chamou-me a atenção: não há um contador da taxa de quadros por segundo (como o MSI Afterburner) ativado. Hummm.....
Voltando às novas tecnologias, há agora também os Tensor Cores, específicos para inteligência artificial e Deep Learning, que também nem são tão novos assim pois foram apresentados juntamente com a arquitetura Volta no ano passado. Ainda conforme a Nvidia, gradativamente os jogos poderiam processar os efeitos de física usando algoritmos de inteligência artificial e também para uma maior interação com o jogador. Se algum dia o seu PC tentar lhe matar, não digam que não avisei! 😱
Quanto às tecnologias atuais, as novidades residem em um maior número de CUDA Cores das GPUs Turing em relação às equivalentes Pascal e o uso de memória GDDR6, resta saber o quanto isto vai impactar no desempenho – só os testes feitos por laboratórios sérios dirão. E principalmente se esta diferença justificará o upgrade dado o alto custo das RTX, ainda mais com cada trump passando dos quatro temeres-salafrários (na data da publicação desta postagem, 03/09/2018).
Um ponto positivo, ao menos para este que vos escreve, é que o SLI não está morto, porém agora estará restrito aos modelos topo de linha RTX 2080 e 2080 Ti – a 2070 ficou de fora, o que sem dúvida restringe muito o uso do SLI, que ficará limitado a um nicho ainda menor de mercado. Também será necessário o uso de novas pontes NVLink (imagino a cara de satisfação de quem pagou caro pelas atuais pontes HB) que com certeza não serão baratas, ao menos inicialmente.
Mas, afinal de contas, por que eu fiquei com a pulga atrás da orelha com a declaração da Nvidia? Porque sou um macaco velho do hardware e já vi esse filme antes. Cito dois exemplos de cabeça: a GeForce 256 e a GeForce 3.
Considerada a primeira GPU do mundo por trazer o hoje onipresente conceito de unidades programáveis, a GeForce 256 tomou de assalto o mercado de placas de vídeo no final de 1999. Porém os primeiros títulos que fizeram uso das unidades programáveis mostraram que as mesmas impactavam severamente a performance, e nos jogos que não faziam uso destas unidades o desempenho da 256 não era tão brilhante assim frente às TNT2 Ultra e Pro. Foi somente nas GeForce 2 que a Nvidia resolveu isso.
Já a GeForce 3 lançada em 2001 foi a primeira GPU com o recurso Pixel Shader, que aumenta o realismo de efeitos como o de água e de transparências em geral, suportado pelo então inovador DirectX 8. Novamente na teoria tudo lindo, mas no mundo real não foi bem assim pela baixa eficiência do Pixel Shader das GeForce 3 – a implementação da ATI na Radeon 8500 era bem melhor, e a Nvidia somente resolveu isso nas GeForce 4 Ti (as GF4 MX não passavam de GeForces 2 bombadas, sem o Pixel Shader).
Voltando à 2018, talvez seja muito mais inteligente esperar e não pagar (muito caro) para ver. Me parece que esta geração será algo transitório, uma espécie de aquecimento para uma vindoura arquitetura que realmente justificará o emprego do Ray Tracing e companhia, quando também os jogos farão um melhor uso dos mesmos. Com a falta de competitividade por parte da AMD, a Nvidia pode dar-se ao luxo de lançar tal expediente.
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