Nesta série mostrarei o primeiro processador da AMD que foi um verdadeiro sucesso comercial, o K6-2. Confira aqui todos os detalhes!
Contexto histórico
Uma revisão do K6 original, esta é a melhor definição do processador K6-2. Ambos são descendentes do NexGen Nx686 (nesta postagem eu explico mais sobre as origens desta família de processadores), porém no K6-2 a AMD fez algumas alterações pontuais:
- Redução da litografia de 0,35 para 0,25 µm, permitindo que o K6-2 atingisse frequências de operação maiores (ele chegou a até 550 MHz, contra 233 MHz do K6) com uma menor tensão de alimentação (2,2 V);
- Aumento da frequência do barramento frontal de 66 para 100 MHz, criando o padrão chamado de Super soquete 7 (veja aqui mais detalhes sobre este padrão);
- Introdução do conjunto de instruções 3DNow!, que prometia melhorar o desempenho do processador em cálculos de ponto flutuante (o grande ponto fraco da família K6), com a capacidade de processar vetores. Este conjunto, assim como o MMX da Intel, nunca obteve um grande sucesso pois dependia que os desenvolvedores incluíssem suporte nas aplicações, e aí já viu...
As demais características técnicas são as mesmas do K6, como o cache L1 de 64 KB.
Vale lembrar que o K6-2 foi o primeiro grande sucesso comercial da AMD, o que permitiu que a empresa tivesse um lastro financeiro para o desenvolvimento do Athlon. Podemos dizer que a AMD está no patamar atual devido ao guerreiro K6-2.
Montagem
Para este ensaio foi utilizando o mesmo conjunto da série Rebuild #3, a saber:
- Placa-mãe Asus P5A (chipset Ali Aladdin V);
- 128 MB de RAM PC133;
- Placa de vídeo 3dfx Voodoo3 3000 AGP;
- Placa de som Creative Sound Blaster AWE64 ISA;
- Disco rígido Maxtor 5400 RPM de 10 GB.
O K6-2 instalado na Asus P5A |
Abaixo vemos mais informações sobre o processador e a placa-mãe obtidas pelo CPU-Z:
100 MHz vs 66 MHz
Praticamente todo K6-2 também pode operar com o barramento frontal em 66 MHz, permitindo a aplicação em placas-mãe que não sejam Super 7, desde que possam fornecer a tensão de alimentação de 2,2 V. Aqui fiz um teste: reduzi o barramento para 66 MHz e aumentei o multiplicador para 6, resultando nos mesmos 400 MHz, para vermos se há diferença de performance.
Benchmarks
Vamos aos benchmarks! Antes dos resultados, algumas observações: por algum motivo o PC Config não rodou no K6-2 com o barramento em 100 MHz, apenas em 66 MHz:
E como curiosidade, observe que o 3DMark 99 Max já tinha suporte ao 3DNow!:
Teste | Padrão | FSB 66 MHz | Diferença |
Norton System Info 6.01 CPU (Score) | 496,4 | - | - |
Norton System Info 6.01 Disk (Score) | - | - | - |
Norton System Info 6.01 System (Score) | - | - | - |
3DBench 1.0 (FPS) | - | - | - |
3DBench 1.0c (FPS) | 354,2 | 308,0 | -15,00% |
SpeedSYS 4.78 CPU (Score) | 458,5 | 458,5 | 0,00% |
Chris´s 3D (Score) | 430,9 | 367,9 | -17,12% |
PC-Config 8.20 CPU (Score) | - | 65,0 | - |
Doom - Demo 2 – 320 X 240 (FPS) | 167,8 | 146,5 | -14,54% |
Doom II - Demo 2 – 320 X 240 (FPS) | 207,8 | 184,3 | -12,75% |
Super PI 1M (Segundos) | 584 | 744 | 21,51% |
Quake - Demo 2 – 320 X 240 (FPS) | 62,2 | 51,3 | -21,25% |
GLQuake - Demo 2 – 640 X 480 (FPS) | 77,2 | 68,4 | -12,87% |
3DMark 99 Max (Score) | 2249 | 1719 | -30,83% |
3DMark 99 Max CPU (Score) | 5436 | 4515 | -20,40% |
3DMark 2000 Pro (Score) | 1219 | 961 | -26,85% |
Sandra 99 CPU (MIPS) | 1074 | 1003 | -7,08% |
Sandra 99 FPU (MFLOPS) | 463 | 459 | -0,87% |
Sandra 99 Memory Bandwidth (MB/s) | 100 | 71 | -40,85% |
Sandra 99 Drive Benchmark (Score) | - | - | - |
Quake II OpenGL - Demo 2 – 640 X 480 (FPS) | 43,6 | 37,6 | -15,96% |
Quake III OpenGL - Demo 2 – 640 X 480 (FPS) | 23,7 | 19,9 | -19,10% |
Unreal Tournament 99 - City intro – 640 X 480 (FPS) | 14,0 | 10,3 | -35,92% |
3DMark 2001 SE (Score) | 465 | 359 | -29,53% |
Os resultados são cristalinos: há sim um grande ganho de desempenho com o barramento frontal rodando em 100 MHz, plenamente justificando o uso de placas-mãe Super 7.
K6-III vs K6-2
Como o K6-III utilizado no Rebuild #3 também é de 400 MHz, esta é uma boa oportunidade de observarmos se o cache L2 on-die de 256 KB do K6-III (esta é a única diferença dele em relação ao K6-2) faz diferença. Para tanto, veja a página de benchmarks clássicos.
Os ganhos são perceptíveis, ficando acima dos 10% em praticamente todos os testes. Os destaques são o Super PI (+40%), 3DMark 99 e 2000 (+20%), Quake III (+33%) e o Unreal Tournament 99 (+31%). Uma pena que o K6-III custava muito mais caro do que o K6-2.
Cara, não lembro se já comentei aqui, mas o K6-2 teve sua fama abalada muito em parte por causa do seu "casamento" com a PCCHIPS M598. Uma vez vi na casa de um amigo um K6-2 montado em uma P5A e me surpreendi. Cheguei ao ponto de perguntar a ele "Isso é um K6-2?" até descobrir que a placa não era uma M598 e sim a P5A. Na M598 ele funcionava quase como um Pentium 166 e na P5A se transformava em um "Pentium III" (entre enormes aspas). Você tem uma belezura de placa nas mãos.
ResponderExcluirExatamente. Os K6-2 pareados com o Ali Aladdin V ou o Via Apollo MVP3 eram outro processador. Sem falar da baixa qualidade de construção das PCChips.
ExcluirLembrei imediatamente do meu querido K6-2 450 MHz, meu segundo computador, que usava uma placa-mãe com chipet VIA MVP4. Sobre as PCCHIPS M598, vi muito essa combinação na época, e a fama ruim já era grande, assim como a fama boa das Asus. Inclusive vi uma coisa que eu não acreditei, um K6-2 500 MHz e 64 MB de RAM rodando Windows XP, e bem! A máquina rodava liso! Como isso? Não lembro qual era a placa-mãe usada, mas algo me diz que o chipset era um SiS 530. Abração!
ResponderExcluirCaramba, XP com 64 MB de RAM! Eu até rodei o XP no meu K6-III, mas na época ele já tinha 256 MB de RAM.
ExcluirO SiS 530 na Asus P5S-B até que não eram ruim, o problema era a qualidade de construção das PCChips.
No fim das cotas um k62-400 rodando numa socket 7 clássica de 66mhz, pareado com uma voodoo-2 ou mesmo uma TNT2 PCI segurava a barra bem, não fazia sentido atualizar a plataforma pra algo mais moderno antes de um Pentium 3 ou um Athlon se você esperou um pouco mais.
ResponderExcluirRealmente, as PC-cips detonaram a reputação da AMD nessa era. Não é atoa que chamávamos as mobos de pc-shits rs.