A nossa querida AMD já é cinquentona! Confira nesta postagem comemorativa um pouco da sua história contada em uma retrospectiva ilustrada destas cinco décadas, de 1969 até 2019.
A AMD foi fundada no dia primeiro de maio de 1969 por Jerry Sanders, juntamente com sete colegas oriundos da Fairchild. Engenheiro elétrico e então diretor de marketing da Fairchild, Sanders estava insatisfeito com a falta de oportunidades na empresa e acabou por seguir os passos de Gordon Moore e Robert Noyce, que deixaram a Fairchild no ano anterior para fundar a Intel.
Jerry Sanders |
E pensar que a Fairchild tinha um timaço que contava com Gordon Moore, Robert Noyce e Jerry Sanders... será que se a empresa fosse um pouco mais flexível hoje teríamos os processadores Fairchild Core ou Fairchild Ryzen? 😛
Voltando à AMD, inicialmente a empresa fabricava circuitos lógicos da própria Fairchild e da National Semiconductor, mas logo passou a fazer projetos próprios. O seu primeiro escritório ficava na cidade de Santa Clara, porém pouco depois ela mudou-se para Sunnyvale, ambas no estado da Califórnia.
A sede da AMD em Sunnyvale |
Confira as principais highlights destas cinco décadas de história da AMD. Aperte o cinto e boa viagem!
1969: fabricação do seu primeiro projeto próprio, o registrador de 4 bits Am9300.
Am9300 |
1970: fabricação do contador lógico Am2501, que juntamente com o multiplicador Am2505 foi um grande sucesso de mercado.
1971: entrada no mercado de chips DRAM com o Am3101.
1975: entrada no mercado de processadores com o Am9080, um clone do Intel 8080 feito por engenharia reversa.
Am9080 |
1976: primeiro acordo de licenciamento de projetos de processadores com a Intel.
1977: juntamente com a Siemens, a AMD criou a empresa AMC (Advanced Micro Computers) para a fabricação de microcomputadores.
1979: a AMD compra a parte da Siemens na AMC.
1981: para o projeto do PC, a IBM exigiu que houvesse um outro fornecedor de chips x86 além da própria Intel. Desta forma, a AMD e a Intel estenderam o acordo de licenciamento de 1976 para mais dez anos, contados a partir de 1982.
1981: fechamento da AMC.
1982: fabricação dos processadores Am8086, Am8088, Am80186 e Am80188.
Am8088 |
1984: fabricação do processador Am286.
Am286 |
1985: saída do mercado de chips DRAM.
1986: anúncio do seu primeiro processador RISC, o Am29000.
Am29000 |
1987: a Intel decidiu unilateralmente cancelar o contrato de licenciamento, não repassando o microcódigo do 80386 para a AMD, que entrou na justiça contra a ex-parceira. O imbróglio somente terminou em 1996, com decisão favorável à AMD que teria acesso ao microcódigo do 386 e 486 (mas aí já era tarde).
1991: fabricação do processador 80386 feito por engenharia reversa – o lendário Am386 DX de 40 MHz foi o chip 386 mais rápido do mundo.
Am386 |
1993: fabricação da linha de processadores Am486, feitos por engenharia reversa.
1993: a Compaq assina um acordo de exclusividade com a AMD para o fornecimento dos processadores Am486 aos seus PCs.
1995: lançamento do processador Am5x86. A versão de 150 MHz é o chip baseado na microarquitetura do 80486 mais rápido do mundo.
Am5x86 |
1996: lançamento do K5, o seu primeiro projeto próprio de processador x86.
K5 |
1997: lançamento do processador K6 com as instruções MMX, baseado no projeto da NexGen.
K6 |
1998: lançamento do processador K6-2, uma versão revisada do K6 original com o conjunto de instruções 3DNow!.
K6-2 |
1999: lançamento do K6-III, o primeiro processador da empresa a contar com o cache L2 on-die (de 256 KB) acessado na mesma frequência do chip.
K6-III |
1999: lançamento do Athlon, o primeiro processador baseado na arquitetura de sétima geração da empresa, a K7. Esta arquitetura permitiu à AMD competir com a Intel pela primeira vez no segmento de alto desempenho.
O primeiro Athlon tinha o formato de cartucho |
2000: lançamento do Athlon Thunderbird, que trazia a junção da microarquitetura K7 do Athlon com o cache L2 on-die de 256 KB introduzido com o K6-III.
Athlon Thunderbird |
2000: lançamento do Duron Spitfire, processador de baixo custo baseado no Thunderbird com 64 KB de cache L2 on-die. Foi amplamente considerado como um dos melhores custo x benefício de todos os tempos.
Duron Spitfire |
2001: lançamento do Athlon XP Palomino, uma revisão do Thunderbird com a adição de um conjunto de instruções compatíveis com as SSE da Intel.
Athlon XP Palomino |
2001: lançamento do Duron Morgan, baseado no Palomino.
2001: lançamento do Athlon MP baseado no Palomino, o primeiro processador da AMD a oficialmente suportar o multiprocessamento simétrico.
Dois processadores Athlon MP |
2002: lançamento do Athlon XP Thoroughbred, uma revisão do Palomino com a litografia reduzida de 180 para 130 nm.
Athlon XP Thoroughbred |
2002: lançamento do Duron Applebred, baseado no Thoroughbred.
2002: Hector Ruiz assume o posto de CEO da AMD, substituindo Jerry Sanders que se aposentou.
Jerry Sanders curtindo a merecida aposentadoria |
2003: lançamento do Athlon XP Barton, com o aumento do cache L2 de 256 KB para 512 KB.
O lendário Athlon XP "Bartão" |
2003: lançamento do Opteron, processador voltado para servidores que trouxe a microarquitetura de oitava geração da empresa, a K8, além do conjunto de instruções x86-64 (mais tarde renomeado para AMD64) que revolucionou o mercado.
2003: lançamento do Athlon 64 para desktops, baseado na microarquitetura K8 e com o conjunto de instruções x86-64.
Athlon 64 |
2003: aquisição da linha de processadores embarcados Geode, da National Semiconductor. Como curiosidade, o projeto do Geode é baseado no processador MediaGX da Cyrix, que havia sido comprada pela National Semiconductor alguns anos antes.
Geode NX 1750 |
2004: introdução da marca de processadores Sempron voltada aos modelos de baixo custo, substituindo o Duron.
2005: lançamento do Athlon 64 X2, o primeiro processador de dois núcleos voltado para desktops da AMD.
Athlon 64 X2 |
2006: aquisição da fabricante de chips gráficos ATI por cerca de US$ 5,4 bilhões, um montante considerado muito acima do valor de mercado da ATI.
2006: após a compra da ATI a AMD apresentou o projeto Fusion, que previa a junção dos núcleos de processamento e de gráficos em um único chip do tipo SoC (System on a Chip).
2007: lançamento do Phenom, baseado na microarquitetura de nona geração da empresa, a K10. Havia versões com dois, três e quatro núcleos.
Phenom X3 |
2008: introdução da microarquitetura de GPUs TeraScale, na qual foram baseadas as séries Radeon HD 2000 até a 6000.
A Radeon HD 5970 tinha duas GPUs |
2008: Dirk Meyer assume o posto de CEO da AMD, substituindo Hector Ruiz.
2009: lançamento do Phenom II, uma revisão do Phenom original com a redução da litografia de 65 nm para 45 nm.
2010: lançamento do Phenom II X6, com seis núcleos.
Phenom II X6 |
2011: oriunda do projeto Fusion, a primeira APU da AMD é lançada. Ela combina núcleos x86 K10 com um chip gráfico da série Radeon HD 6000.
APU A8 |
2011: lançamento do processador FX, que trazia a nova microarquitetura Bulldozer. Ela marcou a introdução do conceito de módulos (havia versões de quatro, seis e oito módulos), onde algumas estruturas eram compartilhadas dentre dois núcleos de processamento. Pela baixa performance do seu IPC, mesmo em comparação com a antecessora K10, a Bulldozer (e as suas descendentes) é considerada por muitos como a pior microarquitetura feita pela AMD.
Os primeiros processadores FX vinham em uma embalagem de metal |
2011: introdução da microarquitetura de GPUs Graphics Core Next (GCN) de primeira geração, na qual foram baseadas a grande maioria dos modelos da série Radeon HD 7000.
Radeon HD 7970 GHz Edition |
2011: Rory Read assume o posto de CEO da AMD, substituindo Dirk Meyer.
2012: é introduzida a microarquitetura Piledriver, uma versão aprimorada da Bulldozer que trouxe uma nova série de processadores FX.
FX 8300 |
2012: anúncio dos chips SoC customizados da série Jaguar (com oito módulos x86 baseados na microarquitetura Piledriver, e motor gráfico GCN de primeira geração) que seriam fornecidos à Sony e à Microsoft para equipar, respectivamente, os consoles Playstation 4 e Xbox One.
SoC Jaguar fornecido para a Sony |
2013: introdução da microarquitetura de GPUs Graphics Core Next (GCN) de segunda geração, na qual foram baseados os modelos Radeon HD 7790, HD 8770 e quase todos os modelos das séries Radeon R7 e R9.
Radeon R9 270X |
2014: introdução da microarquitetura de GPUs Graphics Core Next (GCN) de terceira geração, na qual foram baseados os modelos Radeon R9 285 e R9 M295X.
2016: lançamento do Opteron A1100, o primeiro (e até o momento único) processador ARM da empresa.
Opteron A1100 |
2016: introdução da microarquitetura de GPUs Graphics Core Next (GCN) de quarta geração, de nome-código Polaris, na qual foram baseados todos os modelos das séries Radeon RX 400 e 500.
Radeon RX 480 |
2017: lançamento do Ryzen, primeiro processador baseado na nova microarquitetura Zen, a qual trouxe ganhos no IPC de até 52% em comparação com as baseadas na Bulldozer. Há modelos com quatro, seis e oito núcleos, e alguns deles ainda suportam o recurso de Hyper Threading (chamado de SMT pela AMD). A microarquitetura Zen abandonou o conceito de módulos da Bulldozer e derivadas, desta forma os processadores Ryzen contam com núcleos completos, sem o compartilhamento de estruturas.
O Ryzen atualmente é um sucesso de mercado, e deu origem às linhas de processadores Threadripper (para o segmento de alto desempenho) e Epyc (para servidores), além de uma nova geração de APUs (os Ryzen "G").
O Ryzen atualmente é um sucesso de mercado, e deu origem às linhas de processadores Threadripper (para o segmento de alto desempenho) e Epyc (para servidores), além de uma nova geração de APUs (os Ryzen "G").
Ryzen 7 1700 |
2017: introdução da microarquitetura de GPUs Graphics Core Next (GCN) de quinta geração, de nome-código Vega, na qual foram baseados todos os modelos das séries Radeon Vega e a Radeon VII.
Radeon VII |
2018: introdução da microarquitetura Zen+, uma versão aprimorada da Zen original com a redução da litografia de 14 nm para 12 nm, presente nos Ryzen da série 2000.
Ryzen 7 2700X |
2019: introdução da microarquitetura Zen 2, uma versão aprimorada da Zen+ com a redução da litografia de 12 nm para 7 nm, presente nos Ryzen da série 3000.
2019: introdução da microarquitetura de GPUs RDNA, de nome-código Navi.
Ufa! Que viagem, não? Esta retrospectiva mostra que sem dúvida a AMD é uma empresa bastante inovadora, tendo introduzido tecnologias, como a AMD64, que mudaram inúmeros paradigmas então considerados imutáveis. Além de tudo isso também possui uma enorme importância e relevância, pois é a única que tem condições de tirar os mercados de CPUs e de GPUs do marasmo.
Que venham mais 50 anos!
Belo artigo!
ResponderExcluirMuito bacana ler sobre a história de empresas que colaboraram para chegarmos onde estamos hoje. (até salvei a pagina no meu pc!).
"Por sorte" a Intel pisou na bola com a AMD, onde lembramos aquela frase:
"O que não nos mata nos torna mais forte"
Exatamente. Fez a AMD correr atrás dos projetos próprios, o que permitiu que ela esteja no patamar atual.
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