Fazia tempo que eu não escrevia sobre música! Neste retorno tecerei algumas linhas sobre os trabalhos solo do guitarrista e vocalista americano Tommy Bolin, que infelizmente nos deixou cedo demais.
Thomas Richard Bolin nasceu no dia primeiro de agosto de 1951 em Sioux City, Iowa. Desde pequeno mostrava um grande talento com a guitarra e ainda na adolescência participou de alguns grupos como o The Miserious e o The Triumphs, com outros jovens inconformados assim como ele.
O seu primeiro destaque aconteceu na banda Ethereal Zephyr, que chegou a abrir alguns shows do Led Zeppelin nos EUA no início da década de 1970. Teve uma breve passagem pelo grupo de blues Energy, até aceitar o convite para ser o guitarrista principal da banda James Gang onde gravou os seus primeiros discos em 1973 e 74.
Os álbuns com o James Gang apresentaram as suas credenciais e ele passou a ser um músico bastante requisitado. Um dos seus mais notórios trabalhos nesta época foi a participação em quatro faixas do álbum Spectrum, disco solo do baterista de jazz Billy Cobham, o que mudaria definitivamente a sua vida.
Tommy Bolin (no centro) com o grupo do baterista Billy Cobham |
Neste mesmo período a lenda da guitarra Ritchie Blackmore havia acabado de sair do Deep Purple, e os demais membros originais (o baterista Ian Paice e o tecladista Jon Lord) estavam cogitando seriamente a ideia de encerrar as atividades. Eles foram convencidos a continuar pelo vocalista David Coverdale, que afirmou ter ouvido um guitarrista muito bom capaz de substituir Blackmore - justamente no disco Spectrum.
Após passar com louvor pelas audições, Bolin tornou-se oficialmente um membro do Deep Purple no início de 1975 e no mesmo ano lançaram o discão Come Taste The Band (que para mim entra no top 5 da banda fácil - falarei dele em uma futura postagem), alçando finalmente o guitarrista ao merecido estrelato. Infelizmente pouco depois a banda encerraria as atividades e retornaria apenas em 1984, com o disco Perfect Strangers.
O Deep Purple em 1975. Da esquerda para a direita, em pé: David Coverdale e Ian Paice. Sentados: Glenn Hughes, Tommy Bolin e Jon Lord |
Assim cada ex-membro do Purple seguiu o seu próprio caminho e não foi diferente com Bolin, que voltou-se à sua carreira solo. Antes mesmo de entrar no Purple ele havia gravado o seu primeiro disco solo chamado Teaser, e devido aos compromissos com a sua então nova banda ele não pode fazer uma maior divulgação dele.
Os seus trabalhos solo mostram uma enorme versatilidade: ele não tinha nenhum receio de inovar e explorar novos horizontes musicais, indo além do rock clássico puro e simples, trazendo influências de gêneros diversos como jazz, blues e soul. Vale lembrar que nestes discos além da guitarra ele fez os vocais, mostrando que também é um baita vocalista!
E o que dizer então da linda e cheia de groove Savannah Woman?
No ano seguinte (já após o fim do Purple) Bolin seguiu firme na sua carreira solo e lançou o estupendo Private Eyes, continuando com as suas belíssimas experimentações musicais como o bluesão Shake The Devil:
Já a Post Toastee é um hardão tipicamente setentista do mais alto nível e a sua letra é um manifesto antidrogas (procurem a tradução!), os seus nove minutos passam que você nem percebe:
Livre, leve e solto Bolin pode fazer uma boa divulgação deste álbum no ano de 1976, com várias datas por todo os EUA. Porém tristemente ele não conseguiu seguir os seus próprios conselhos feitos na Post Toastee e faleceu no dia 3 de dezembro do mesmo ano em Miami, com apenas 25 anos, devido a uma overdose de heroína.
Bolin em 1976 |
Na noite após a sua última apresentação ele deu uma entrevista ao canal de TV The Miami News, cujo repórter a encerrou dizendo para ele se cuidar. A sua resposta foi a seguinte:
“Oh, não se preocupe. Eu estou me cuidando a vida toda, estarei aqui por muito tempo ainda”
Poucas horas depois, naquela mesma noite, ele não estaria mais aqui.
Dizem que ele era um jovem perfeitamente saudável até ir para o Purple, onde entrou pesado nas drogas principalmente pela convivência com o Glenn Hughes, na época afundado nelas - Glenn felizmente conseguiu livrar-se do vício maldito, Tommy infelizmente não teve a mesma sorte. Eles se tornaram grandes amigos e até hoje Glenn o homenageia nas suas apresentações:
Tommy Bolin tinha um enorme talento e nos deixou cedo demais, restando a nós apenas apreciar a sua imortal música e imaginar o que ele teria feito se ainda estivesse por aqui. Particularmente acredito que em algum momento ele e Glenn Hughes formariam uma banda, tendo em vista a enorme afinidade que havia entre eles, tanto musical como pessoal. Como curiosidade, Glenn fez uma participação na bela balada Dreamer do disco Teaser:
Descanse em paz, inquieta estrela.
O único álbum que eu conheço com o Tommy Bolin é o Come Taste the Band do Deep Purple. É um álbum bastante diferente dos outros do Deep Purple, especialmente pela alta dose de funk. Mas isso não torna o álbum ruim de forma alguma: A dupla Glenn Hughes e David Coverdale continua mandando ver nos vocais, o sempre eficiente órgão do John Lord continua ali e os riffs do Bolin são ótimos. Comin' Home que abre o álbum é uma pedrada certeira, assim como Gettin Tighter e Dealer. Mas as maiores surpresas estão no fim do álbum: This Time Around é linda e o encerramento (You Keep on Movin') também é bonito.
ResponderExcluirPois é, eu também conhecia o Bolin como o "cara que substituiu o Blackmore em só um disco do Purple".... até que ouvi o disco ao vivo "Burning Japan Live" do Glenn Hughes, onde ele como sempre homenageia o Bolin, e tive curiosidade de pesquisar mais sobre o guitarrista. Foi uma grata surpresa! O cara era fera demais!
ExcluirPor fim, uma curiosidade: eu nasci exatamente dois anos após o falecimento dele. O Bolin faleceu em 03/12/76, eu nasci no mesmo dia e mês só que em 78. Que coisa!
Eu vi o Glenn Hughes ao vivo em Porto Alegre em 2018. Ele tocou apenas clássicos do Deep Purple... e no setlist estavam This Time Around, You Keep on Moving e Gettin Tighter... Ou seja, uma rica homenagem à passagem do Bolin pelo Deep Purple!
ExcluirEu gosto do Come Taste The Band justamente pelas experimentações, que eles haviam começado em escala bem menor no Stormbringer. Foi somente quando o xarope do Blackmore saiu que eles puderam realmente experimentar , sem falar ainda que o Bolin foi o cara perfeito para isso.
ExcluirPena que o Paice e o Lord já estavam meio que de saco cheio do Purple e resolveram encerrar as atividades logo depois.
Eu gosto do Stormbringer... pra mim ele perde pro Burn (lançado antes e no mesmo ano de 1974)... As músicas mais fortes do Stormbringer são a faixa título... Love don't mean a thing, Holy Man (adoro o vocal do Glenn Hughes), Hold On e principalmente... Soldier of fortune! Ele tem experimentações com músicas bem mais suaves do que o normal... tem algum funkeado e blues ali no meio.
ExcluirJá no Come Taste the Band a experimentação veio com força total... com uma dose alta de funk. Outro album do Deep Purple que é bem experimental e que eu gosto bastante é o Purpendicular... o primeiro que o Steve Morse participa!
Faz uma análise de mc pipokinha kkkk, tô zuando, mas enfim esse artigo me fez refletir do tanto de cantores que morrem envolvidos com drogas, é triste isso
ResponderExcluirTriste mesmo...
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