Pular para o conteúdo principal

Senna (Netflix)

Finalmente consegui assistir a esta série, que tem a pretensão de apresentar o grande ídolo às novas gerações. Vejam o que eu achei.

Senna (Netflix)

Na minha opinião o maior acerto da série foi mostrar Senna como um ser humano, tendo as suas virtudes e defeitos como todos nós, sem inserir a aura de quase divindade como a grande mídia o faz, desde antes da sua morte. Não me entendam mal, sempre fui um grande admirador do trabalho dele, mas havia e ainda há muitos exageros.

Um exemplo disto foi a recriação de um episódio no início da sua carreira, ainda na Fórmula Ford 1600, quando o seu maior adversário era o argentino Enrique Marsilia. Após levar uma fechada dele e sair da pista, Senna foi tirar satisfações pegando o hermano pelo colarinho – uma atitude bastante humana, que muitos de nós faríamos.

Também me chamou a atenção o bom nível da produção e a atenção aos detalhes, principalmente dos carros que são reproduções fidelíssimas dos modelos reais: o Toleman de 1984, o Lotus preto de 1985, os McLarens de 1988/89/90/91 e o Williams de 1994. Para quem assistiu tudo ao vivo ver estas reproduções foi um enorme deleite visual, parecia até que eu tinha voltado no tempo.

A reprodução dos carros impressiona, como esta do McLaren-Honda MP4/6 de 1991

As atuações são boas. Gabriel Leone fez um trampo honesto e conseguiu mimetizar muitos dos trejeitos do Senna, com menções também para o ator que fez o Galvão Bueno, a atriz que interpretou a Xuxa e o maluco que personificou o grande rival Alain Prost, cuja semelhança física impressiona.


A série conta com seis episódios: no primeiro é mostrado o começo de carreira nos certames menores, no segundo a estreia e consolidação na F1 em 1984 e 1985, no terceiro o campeonato do primeiro título de 1988, no quarto o polêmico ano de 1989 e a briga com o Prost, no quinto os títulos de 1990 e 1991, e finalmente no sexto o trágico ano de 1994.

É aí que está o maior problema da produção, pois diversos acontecimentos são mostrados muito rapidamente (por exemplo, o período na Lotus) e outros sequer foram abordados, como o fantástico campeonato que ele fez em 1993. Poderia ter ao menos uns dois episódios a mais,  provavelmente foi por uma questão de custos.

O belíssimo Lotus-Renault 97T de 1985

Quanto à polêmica envolvendo a sua então namorada Adriane Galisteu, sinceramente não acho que isso merece todo o bafáfá criado. Como a série foi bastante resumida a participação dela teve um tempo de acordo com o período que eles passaram juntos, uma vez que apenas o ano de 1994 é retratado e o relacionamento deles começou em 1993. Simples assim.


No final das contas o saldo da produção é positivo e a experiência é muito boa, principalmente para aqueles que acompanharam toda a carreira do Senna. O último episódio faz até mesmo velhos insensíveis como eu ficarem com os olhos marejados.

E sim, acho que a série tem totais condições de apresentar o ídolo às gerações que nasceram após a sua morte, mas repito que apenas quem viveu na época dele pode ter a real noção do que ele representou. Quem sabe um dia eu não escreva mais sobre isto.

Por fim, nesta primeira postagem de 2025 aproveito para desejar um ótimo ano aos meus leitores. Tudo de bom para vocês! 😀

Comentários